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Projeto Mulheres do Café destaca produção do norte pioneiro do Paraná


O Norte Pioneiro do Paraná conta com o projeto Mulheres do Café, que reúne cafeicultoras da região para agregar valor à produção do café especial. Em oito anos de projeto, o produto já foi premiado, vendido para quatro continentes e corresponde a 15% da produção total de café dos 11 municípios participantes.

As agricultoras vendem a saca especial por um valor de 40% a 50% maior do que o tradicional, agregando valor ao produto e gerando renda extra para a família. Em 2020, segundo o Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-PR), enquanto o valor do café commodity foi vendido a uma média de R$ 8,00 por quilo, o café especial chegou a aproximadamente R$ 20,00 por quilo – preço que pode ser ainda mais alto dependendo do comprador.

Criada pelo Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-PR) em 2013, a iniciativa atualmente abrange mais de 250 mulheres, distribuídas por 12 grupos de 11 municípios do Norte Pioneiro: Curiúva, Figueira, Ibaiti, Japira, Jaboti, Pinhalão, Tomazina, Siqueira Campos, Salto do Itararé, Joaquim Távora e Carlópolis. A associação também é vinculada à Aliança Internacional das Mulheres do Café (IWCA), instituição internacional de valorização ao trabalho feminino nessa cadeia.

Produção

Segundo dados do Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento, no Paraná, como um todo, a safra de café commodity em 2020 atingiu 963 mil sacas de 60 kg, produzidos em uma área total de 34.500 hectares. O Valor Bruto da Produção (VBP) do café em 2019 (último dado disponível) foi de R$ 390,3 milhões, o equivalente a 0,4% do total do estado.

Para 2020, a estimativa é que o valor tenha atingido R$ 450 milhões e que cresça ainda mais em 2021. O preço médio da saca em 2020 foi de R$ 468,37 – o que já representa um aumento de 20,86% com relação a 2019, cujo valor médio foi de R$ 387,50. Para 2021, o aumento registrado de janeiro a maio foi de 38,69% comparado a 2020, chegando ao preço de R$ 649,61 por saca.

O café dos municípios do Norte Pioneiro é parte da série “Paraná que alimenta o mundo”, desenvolvida pela Agência Estadual de Notícias (AEN), que mostra o potencial do agronegócio paranaense.

A região do Norte Pioneiro tem uma área total de 840,14 hectares dedicados ao café, em uma média de 3,53 hectares por produtor. Em 2019, a produção total foi de 22.680 sacas beneficiadas de café, das quais 3.402 foram de café especial.

O IDR-PR viu a oportunidade de desenvolver o potencial dos pequenos produtores de café e empoderar as mulheres no setor. Cíntia Mara Lopes de Souza, extensionista do IDR-Paraná e coordenadora do projeto Mulheres do Café, explica que a iniciativa surgiu dentro da instituição. “Percebemos que as mulheres participavam pouco dos processos de capacitação promovidos pelo IDR-Paraná e, por outro lado, aquelas que participavam contribuíam muito na adesão das famílias às novas tecnologias”, conta.

“Além disso, víamos que quem trabalhava no terreiro e cuidava da parte organizacional da colheita era a mulher. Pensando que a produção de café especial seria uma alternativa de renda interessante para a pequena propriedade, a mulher teria um papel fundamental nesse processo”, explica a coordenadora.

Assim, o IDR-Paraná passou a realizar diagnósticos e promover formações sazonais que ensinavam as técnicas necessárias segundo o momento do ciclo do café. “Se era tempo de colheita, ensinavam a fazer a seca. Se terminava a colheita, falavam de poda e desbrota. E não tratavam só da parte técnica: falavam também de nós como mulheres, de liderança, de empoderamento, de nos fortalecer como mulheres para não desistir e de como trabalhar essa questão dentro da família”, explica a produtora Nira Souza.

Nira é uma das integrantes originais do grupo de Matão, distrito do município de Tomazina, que inclui 21 cafeicultoras e é observado como um dos mais desenvolvidos do projeto. Hoje com 44 anos, ela cresceu em plantações de café. Para ela, o sucesso é consequência do trabalho em grupo, que torna o percurso mais leve e mais rápido. Ela também é presidente da associação criada para abarcar essa iniciativa, a Associação das Mulheres do Café do Norte Pioneiro do Paraná (Amucafé), e representa a região em eventos por todo o País.

“Para mim não existe nada mais gratificante na vida do que a valorização do meu trabalho. E não é só a valorização por ganhar mais, mas pelo respeito com que as pessoas tratam meu trabalho, meu café e minha vida como mulher”, afirma.

Exportação

Um ponto de virada no grupo foi quando, em 2015, três produtoras do Norte Pioneiro conquistaram pódio no Concurso Café Qualidade do Paraná. “Até então nós não tínhamos noção do impacto do nosso trabalho nas propriedades”, diz a coordenadora do projeto. Desde então, produtoras da região sempre figuram entre os três melhores da premiação.

A partir daquele momento, a visibilidade ajudou na parte comercial e um capítulo fundamental dessa história foi a parceria estabelecida com a Capricornio Coffee, exportadora e comercializadora dos cafés da região de Ourinhos criada também em 2015. A ponte foi feita através do sócio-fundador e Q Grader, José Bispo Rezende, especialista em cafés há mais de duas décadas e conhecedor da região do Norte Pioneiro.

No primeiro ano de parceria, o café especial de Matão foi exportado para Austrália, Estados Unidos e diversos países da Europa. Hoje, todo café disponível no grupo com escore acima de 86 é comprado e comercializado pela empresa.

“De lá pra cá temos demanda crescente pelo café das mulheres”, conta José Bispo. “A gente leva ao cliente o apelo social, histórico, a questão de comunidade e da qualidade. Os cafés da região são comparados com cafés africanos, que hoje são os melhores do mundo. E nós conseguimos colocar os cafés dessa região no mesmo nível de desejo para alguns compradores, como a Austrália”, explica o especialista.

Além da venda em si, a parceria inclui o programa Four Seasons, que dá assistência técnica às mulheres durante as quatro estações do ano a fim de obter os melhores resultados possíveis. “Eles nos dão assessoria do grão à xícara”, pontua Nira Souza.

As informações são da Agência de Notícias do Paraná. Foto Ari Dias/AEN.

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