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Produtores de Garça se unem em busca da Indicação Geográfica para a região


No dia 18 de março deste ano, os cafeicultores da região de Garça, no interior de São Paulo, entraram com o pedido de Indicação Geográfica para o café, no Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI). O pedido foi realizado três dias após o Secretário de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, Gustavo Junqueira, publicar a resolução SAA-18, identificando a localidade como produtora de café.

São 14 municípios produtores que destacam a característica marcante de chocolate, bom corpo, acidez média e retrogosto prolongado nos grãos. Os cafeicultores buscam o registro para agregar ainda mais valor ao produto e conquistar novos mercados, principalmente no exterior.

De acordo com o cafeicultor Paulo Ferreira Granchelli, desde 2017 os produtores parceiros e/ou associados a Associação dos Produtores de Café Especial da Região de Garça, apoiados pelo poder público, se mobilizaram para reunir todos os documentos necessários para solicitar o registro ao INPI, sendo que a resolução publicada pela Secretaria de Agricultura finalizou o dossiê entregue para defender a região.

"O registro de Indicação Geográfica é fundamental para agregarmos valor ao nosso produto. Com ele, o preço da saca do nosso café aumentará em cerca de R$ 15,00, equiparando se às demais regiões que já possuem este registro. A produção de café em Garça gira, em média, de 600 mil a 1 milhão de sacas por ano. A IG agregará de forma permanente valores entre R$ 9 milhões a R$ 15 milhões a mais, trazendo grande impacto para toda a cadeia produtiva dos municípios", explica Paulo.

Além do valor agregado ao produto, a Indicação Geográfica trará o reconhecimento da região para o mercado externo. "Hoje, se um importador quer comprar café brasileiro, ele não comprará de Garça por não nos conhecer. Ele comprará cafés do Sul de Minas, por exemplo, que tem esse registro. Por isso, esperamos que a partir desse documento, outros países passem a conhecer e a comprar nossos cafés, commodities e/ou especiais produzidos aqui", explica o cafeicultor.

Pesquisa científica no processo

Adriana Novais Martins, pesquisadora da Unidade de Pesquisa e Desenvolvimento de Marília da APTA Regional, aponta que os produtores terão que empregar ainda mais tecnologias para se manterem competitivos e atenderem a nova demanda por produtos de qualidade no Brasil e no exterior.

A APTA Regional, o Instituto Agronômico de Campinas (IAC) e o Instituto Biológico (IB), todas as unidades da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), já desenvolvem estudos com café na região e têm contato próximo com a Associação e demais cafeicultores. "Nosso trabalho, desenvolvido desde 2013, busca aumentar a rentabilidade dos produtores de café da região, auxiliando na maior produtividade e qualidade da bebida. As pesquisas buscam selecionar cultivares adaptadas às características de solo e clima da região do centro-oeste do estado, que cultiva mais de 12 mil hectares de café e produz entre 600 mil e um milhão de sacas por safra", afirma Adriana.

Os estudos de seleção das cultivares de café mais adaptadas a localidade se iniciaram em uma área de 1,8 hectare, financiada pelo Grupo Perez, instalada na Fazenda Recreio, no município de Vera Cruz. "O café é uma bebida apreciada no mundo todo, com elevada demanda. Apesar de existirem inúmeras cultivares plantadas comercialmente, é fundamental o estudo do comportamento desses genótipos para aumentar a lista de recomendação aos cafeicultores regionais", explica Adriana.

O projeto estuda 20 cultivares de café e o experimento é instalado com 23 tratamentos distintos para as plantas. A pesquisa avalia cultivares desenvolvidas pelo IAC-APTA, instituição responsável pelo desenvolvimento de cultivares de café que estão em 90% das lavouras brasileiras, além de materiais desenvolvidos pela Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig) e do Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-Paraná).

A partir dessas avaliações, os pesquisadores realizam análises fenológica, agronômica, produtiva e econômica das cultivares de café arábica em cultivo irrigado. De acordo com a pesquisadora da APTA Regional, as cultivares também são avaliadas com relação à qualidade de grãos, bebida e análise de raiz. "Em posse dos resultados agronômicos, será realizada análise econômica e de rentabilidade comparando os materiais genéticos e determinando a viabilidade econômica para os sistemas produtivos regionais", explica Adriana.

O presidente da Associação Café, Cassiano Tosta, frisa que a Indicação Geográfica de Procedência, que distingue o café de Garça e região, ainda não é o final desta empreitada. Após conseguir este título, o próximo passo é a Indicação Geográfica de Origem. Ele diz se tratar de um processo demorado e que exige várias ações.

"No início, além da Casa da Agricultura, contamos também como o apoio do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), mas com o tempo vimos a necessidade de contratar uma consultoria especializada, a qual fez todo o levantamento histórico para que o mundo passasse a reconhecer a região, que produz cerca de 2% da produção nacional de café, como produtora de cafés especiais pela Specialty Coffee Association (SCA), ou seja, que obteve pontuação acima de 80, conferindo qualidade e rastreabilidade ao produto", explica.

As informações são da Assessoria de Comunicação de Garça.

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