O presidente do Conselho Nacional do Café (CNC), Silas Brasileiro, concedeu uma entrevista ao Observatório do Café, do Consórcio Pesquisa Café, coordenado pela Embrapa Café, onde comentou sobre o atual cenário do café do Brasil.
Silas ressalta que as pesquisas e inovações tecnológicas que envolvem a produção de café e que permitiram, nas últimas três décadas, que mais que triplicasse as safras, incluindo arábica e canéfora.
Em relação à produção, o presidente aponta que o ano de 2020 foi marcado pelos impactos sanitários e econômicos da pandemia da Covid-19. A cafeicultura, contudo, demonstrou-se resiliente. Por meio de materiais orientativos para prevenção e combate à proliferação do coronavírus, os trabalhos foram conduzidos com cautela, mas em ritmo normal, tanto que produzimos a maior safra de nossa história, com 63,1 milhões de sacas.
“Na esteira do crescimento, registramos exportações recordes, com 44,5 milhões de sacas, e elevação de 1,3% no consumo interno da bebida, que equivaleu a 21,2 milhões de sacas. Esses desempenhos reforçam que o café do Brasil é o mais competitivo e sustentável do mundo, fazendo do País referência mundial e o responsável por poder suprir constante elevação no volume do produto a ser consumido no globo”, completa.
Em relação aos custos de produção para o café arábica, Silas destaca os defensivos e insumos agrícolas, que correspondem a cerca de 29% a 35% dos gastos totais. Os defensivos e insumos também encabeçam os desembolsos nos cafezais irrigados, onde representam entre 30% e 43% do total. Nas lavouras com cultivo manual, os custos com a mão de obra são os mais elevados, oscilando de 25% a 45%.
Para o canéfora, nos cafeeiros irrigados tanto em cultivos convencionais, quanto nos semi adensados, os maiores custos de produção se dão com mão de obra, cuja representatividade varia entre 29% e 52%. Em relação à mão de obra, uma forma de se obter um barateamento seria o desenvolvimento de maquinários para trabalhos de campo, principalmente em terrenos acidentados e montanhosos, o que diminuiria a necessidade de pessoal na atividade.
No que se refere a defensivos e insumos agrícolas, a disponibilização de mais opções de produtos e o desenvolvimento de novas moléculas ou biofertilizantes ampliaria o leque à disposição dos cafeicultores, reduzindo os preços e focando em sustentabilidade.
Já sobre o Fundo de Defesa da Economia Cafeeira (Funcafé), Silas Brasileiro explicou que ele foi constituído com recursos confiscados dos próprios cafeicultores e é o principal instrumento de crédito rural exclusivo da cafeicultura. Por meio de seus recursos, produtores, cooperativas, industriais e exportadores, todos os segmentos da cadeia produtiva, podem se organizar a cada safra, gerando um equilíbrio que permite que a atividade cafeeira do país seja, aliando esses recursos aos investimentos feitos em pesquisa e inovações tecnológicas, a mais competitiva e sustentável mundialmente.
Esse recurso é fundamental para que o café permaneça como o esteio do desenvolvimento de 1.983 municípios brasileiros, sendo cultivado por 330 mil produtores rurais, dos quais 78% são da agricultura familiar. E continue a gerar 8,4 milhões de empregos ao ano, aproximadamente R$ 35 bilhões de renda no campo e receita cambial aos cofres nacionais da ordem de US$ 5,6 bilhões.
As informações são da Embrapa Café.
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