Durante a abertura do 8º Congresso Brasileiro de Fertilizantes, evento on-line realizado nesta terça-feira (23) pela Associação Nacional para Difusão de Adubos (ANDA), a Ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Tereza Cristina, anunciou a criação de um Comitê Temático no dia 29 de novembro, com o intuito de debater os principais temas ligados ao setor de insumos, incluindo a área de fertilizantes, com a participação da inciativa privada e de entidades setoriais, a fim de garantir o fornecimento dos insumos para as próximas safras brasileiras.
De acordo com a Ministra, está prevista uma viagem ainda em dezembro para o Canadá, para realizar conversas com o país e seus fornecedores sobre o tema de fertilizantes. Ela fez um resumo sobre a reunião com empresas russas e com o Ministério de Desenvolvimento da nação, que asseguraram o cumprimento dos contratos já estabelecidos. “Foi uma conversa alinhada no qual ressaltaram que o Brasil é um parceiro estratégico”, pontuou Tereza Cristina, que acrescentou que eles iriam também estudar a possibilidade de estudar algum excedente ao país.
Em sua participação no evento da ANDA, a Ministra comentou sobre sua reunião com outras empresas globais, incluindo fornecedor da Bielorrússia, cuja preocupação está nas sanções econômicas que aquele país deverá receber por parte da União Europeia e dos Estados Unidos, gerando dificuldades para suas exportações. Todas essas ações realizadas ou programadas pelo MAPA foram decorrentes de um encontro com o setor de fertilizantes que expôs seus desafios atuais.
O 8º Congresso Brasileiro de Fertilizantes está sendo acompanhado por mais de 3 mil participantes. Na abertura, Eduardo de Souza Monteiro, Presidente do Conselho de Administração da ANDA, ressaltou a contribuição do setor de fertilizantes para a competitividade, produtividade e sustentabilidade do agronegócio brasileiro. Ano passado, o segmento alcançou o recorde de 40 milhões de toneladas vendidas, o que representou um crescimento de 12% comparado a 2019, de 36 milhões de toneladas comercializadas. “Consultorias estimam um novo recorde em 2021”, afirmou.
Ele comentou sobre a alta dependência das importações no setor e, em decorrência desse cenário, o Governo Federal iniciou um debate para a criação de um plano federal de fertilizantes para contribuir com o desenvolvimento ainda maior do segmento. A ANDA tem participado ativamente dessa iniciativa, assim como seus associados, por meio de diversas frentes de trabalho, que sugerem a desoneração da tributação de toda a cadeia de produção, o estímulo de novas tecnologias, do uso consciente de fertilizantes e de uma infraestrutura logística e de armazenamento mais eficientes.
O primeiro painel “Mercado Brasileiro e Mundial de Fertilizantes” mostrou a importância de se investir em fertilizantes mesmo diante da alta dos preços. Alzbeta Klein, CEO e diretora geral da International Fertilizer Association (IFA), comentou os três pontos de disrupção que afetou o setor, como os eventos de clima que culminaram em perdas de plantações, os furacões nos Estados Unidos; o cenário global econômico, com a elevação do preço de energia, e as questões geopolíticas, como sanções para alguns setores e países. Ela analisou ainda que a produção brasileira de fertilizantes permanece abaixo da necessidade do consumo doméstico e, por isso, o país é um dos principais importadores mundiais do setor.
Já Corrine Ricard, sênior VP e presidente da Mosaic Fertilizantes Brasil, destacou que o agronegócio brasileiro não é apenas um sucesso econômico, mas também na área de sustentabilidade ambiental ao adotar práticas sustentáveis. A seu ver, os preços dos fertilizantes estão alinhados à demanda, mesmo que eles possam parecer frustrantes aos produtores rurais no curto prazo. Contudo, ela ponderou outros insumos também tiveram aumento em seus preços, afetando igualmente o setor. Além disso, sua companhia conta com um índice pra analisar o aumento dos preços e o aumento dos insumos, o que colabora na compra de nutrientes no momento mais assertivo para um melhor retorno.
No painel, Carlos Cogo, fundador da Cogo Inteligência em Agronegócio, trouxe como os fertilizantes contribuem para o aumento de produtividade no agro, e mostrou, por meio de uma simulação, que o produtor brasileiro tem mais rentabilidade do que o americano. Segundo ele o produtor nacional comprou os fertilizantes em patamar mais baixos para a safra 2021/2022.
Kauanna Navarro, jornalista especializada em agronegócios da Argus Media Brasil, ressaltou o fator energético, como as crises na China e na União Europeia, que atingiu diretamente a produção de nitrogenados. Comentou ainda a importância de o país buscar alternativas para aumentar a produção nacional, diminuindo a dependência da importação. Segundo ela, há estudos, por exemplo, na área de cloreto de potássio, com jazidas na bacia Amazônica que poderiam ajudar nesse tema. A seu ver, um risco existente é haver a diminuição da aplicação do uso de fertilizantes, devido aos preços, mas essa prática deixaria o produtor rural exposto ao clima.
Homenagem
A ANDA lançou durante o 8º Congresso Brasileiro de Fertilizantes Prêmio “Carlos Florence”, com o objetivo de fomentar a pesquisa científica no setor e contar com uma acervo técnico-científico relevante sobre os principais temas relacionados a esse segmento. A premiação homenageará pesquisas com caráter inovador e está direcionado aos acadêmicos de agronomia na graduação e na pós-graduação. Para se inscrever, é só acessar o site da ANDA.
Fonte: CaféPoint
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