Nesses dois últimos anos, a doença fusariose de cafeeiros robusta/conilon passou a infectar também lavouras situadas na região leste de Minas Gerais, vizinhas da região sul do estado do Espírito Santo, mesmo em regiões de maiores altitudes. A constatação foi feita em propriedade com plantação de conilon clonal (mistura de clones), no município de Lajinha (MG), a 710 m de altitude, sendo a primeira ocorrência registrada na região observada agora em junho/21.
A fusariose é uma doença causada por algumas espécies de fungos do gênero Fusarium, que é pouco conhecida na cafeicultura brasileira. Nas lavouras de cafeeiros arábica, ela só aparece em plantas muito velhas, assim mesmo em pequena escala. Por outro lado, em lavouras de café robusta/conilon, a doença tem evoluído bastante e já representa prejuízos severos em muitas áreas, em especial na região norte do estado do Espírito Santo.
Fungos do gênero Fusarium podem ser observados em frutos de cafeeiros e também em mudas, porém a fusariose a que nos referimos é uma doença devida ao ataque do fungo no sistema vascular da planta, com lesões e entupimento dos vasos, junto ao caule ou hastes do cafeeiro.
Os sintomas começam pelo amarelecimento da planta, seguindo-se a murcha e logo a seca e morte de algumas hastes ou de toda a planta. Ao se cortar a parte mais externa do tronco, pode-se ver o tecido dos vasos e lenho escuros.
Esse tipo de fusariose em cafeeiros da espécie C. canephora foi constatado pela primeira vez no Brasil em 2012, na região quente do norte de Minas, em Pirapora. Depois foi observado, em maior escala, nas plantações de conilon, também em zonas de baixa altitude, no norte do Espírito Santo. Na África existe uma fusariose denominada de traqueomicose, que ocorre de forma bastante severa e é relacionada com o ataque do fungo da espécie Fusarium xilarioides. Do material de cafeeiros robusta atacados no Espírito Santo, foram isoladas três espécies do gênero Fusarium, sendo: F. decemcellulare, F. lateritium e F. solani.
Quanto às medidas de controle de forma preventiva, deve-se buscar o plantio de clones mais resistentes, como o clone A1, evitando os muito susceptíveis, como o clone LB1. Não se conhece bem outros clones que possam ter tolerância. No dia a dia nas lavouras, deve-se ter cuidado em reduzir a transmissão entre plantas, que ocorre pelas ferramentas de poda. Deve-se, dentro do possível, desinfetar essas ferramentas e também o local de corte. Nos primeiros sintomas, quando do amarelecimento da folhagem ou sua murcha, devem-se eliminar plantas doentes de imediato, pois senão, nas operações de poda, elas servirão de fonte de contaminação das demais.
Fonte: Café Point
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