A cooperativa Cooabriel, com sede em São Gabriel da Palha (ES), já recebeu os primeiros lotes de café canéfora (conilon) da colheita 2021/2022. À medida que os trabalhos de uma safra que promete ser maior já começaram, há perspectivas de um aumento de cerca de 20% no recebimento dos grãos da organização, quando comparado com ano passado.
De acordo com o gerente corporativo comercial da cooperativa, Carlos Augusto Pandolfi, em entrevista à Reuters, a expectativa é receber 1,8 milhão de sacas de 60 kg em 2021/2022, ante 1,495 milhão de sacas em 2020/2021, quando uma safra menor reduziu o volume recebido em 2019 (1,670 milhão de sacas).
Segundo ele, os trabalhos de colheita começaram timidamente e o volume recebido ainda não é representativo, mas está em linha com o que acontecem todos os anos nesta época, mesmo diante de maiores cuidados exigidos pela pandemia de Covid-19.
"Já começou a chegar um pouco do café, que chega [inicialmente] com baixa qualidade porque não está muito maduro", comentou, lembrando que a cooperativa está iniciando um trabalho para melhorar a qualidade e estimular a colheita na hora certa e as práticas adequadas de pós-colheita, como a secagem.
A partir de 15 de abril, quando os grãos estarão mais maduros, os recebimentos devem ser intensificados, acrescentou Carlos Augusto. Sobre as atividades em plena pandemia, o gerente avalia que ela poderá trazer alguma dificuldade, mas nada que possa trazer prejuízos para a logística, até porque, segundo ele, já teve o aprendizado do ano passado.
Com relação ao tamanho da produção, ele disse acreditar em uma safra igual ou maior que a de 2019, evitando fazer projeções. A safra brasileira de canéfora (conilon) poderá aumentar até 16% ante 2020, para 16,6 milhões de sacas, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), que no intervalo menor da sua projeção admite a hipótese de uma leve queda de 1,2%.
Para o Espírito Santo, a Conab projeta aumento de até 22,7%, para 11,3 milhões de sacas de conilon, na faixa mais alta do intervalo, enquanto vê crescimento de até 9,3% na Bahia, para 2,3 milhões de sacas. A cooperativa atua nos dois estados.
A analista de mercado da Cooabriel, Renata Vaz, aponta que a cooperativa "mudou a escala" de suas exportações, após a criação de um departamento específico para realizar vendas diretas, sem o intermédio de tradings, e desenvolve um programa para melhorar a qualidade do produto.
De julho a dezembro de 2020, a cooperativa realizou exportações de cerca de 300 toneladas (5 mil sacas de 60 kg), volume equivalente ao exportado apenas em janeiro deste ano, o que dá uma dimensão do crescimento.
Renata explicou que a Cooabriel lançou, em março, em parceria com o Instituto Federal do Espírito Santo, o programa Café Conilon – Origem Singular para melhorar a qualidade do grão da região, que inicialmente terá participação de cerca de um sexto das mais de 6 mil famílias produtoras associadas à cooperativa.
Segundo a analista, a boa qualidade do café está deixando de ser um diferencial para ser uma exigência e, com o programa, os participantes serão orientados a realizar a colheita no momento certo, além de adotar as melhores práticas de pós-colheita.
As informações são da Reuters.
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